Cheguei ao fim de mais uma etapa do Caminho Maior.
Cheguei a mais uma meta provisória que me desconstrói, me
reedifica e onde me redescubro.
Ser peregrino tem implicado para mim nos últimos anos ser
testemunho da alegria do mundo, ser sabor das amoras e sobretudo ser sal da
terra e luz do mundo.
É no Caminho que aprendo a viver e a Ser no Presente, a agradecer
o passado e a guardar o futuro.
Senti aquele calor que emanam as pedras que sulcam trajetórias em
linhas que o Tempo faz e divide, e vivi a força que o sonho de uma meta traz à
realidade de uma catedral.
Tem sido um frio e duro Inverno, onde a neve esmaece aqueles que
trazem na boca o sabor amargo da vida e onde chove nos cantos onde se esconde o
choro, a memória e a insipidez existencial.
Não dei graças à chuva mas aprendi a ser graça na chuva. E isso…
Bem isso muda tudo!
A multiplicidade dos caminhos perdidos e encontrados converge no
Caminho Maior onde as setas escasseiam e o amor do que Caminha connosco abunda.
Este Caminho trouxe-me o sentimento de despedida e mais do que
isso, ponto de partida. Desde dos meus três anos numa casa, onde as raízes são
profundas e onde rebentam os laços que os rostos me fizeram. Hoje, os meus
pulmões estão cheios e tenho a rouca voz de quem encara a próxima meta como uma
dádiva.
Que Dia, que semana, que Caminho incrível... Percebi que se hoje
morresse, morria profundamente amado por Deus em cada um dos meus companheiros
de Caminho.
No final da missa do peregrino, um sacristão apagou toda a luz que
irradiava uma frágil chama numa vela. Felizmente, aquela chama que o Caminho
incendiou em mim, já ninguém mais pode apagar. Um dia acredito que também ela será
luz do Mundo.
Sem comentários:
Enviar um comentário