quarta-feira, 23 de março de 2016

Necessidade de partir…
Aquela vontade incontrolável de saber o que vem a seguir estagna, e voltas-te a sentir no presente, como se nunca o tivesses deixado mas basicamente como se nunca tivesses partido.
Volto àqueles dias em que o Homem une a gratidão à vida, os dias que redimem a vida, que trazem o tempo ao Tempo, que ostentam o luxo que os espaços criam na minha mente.
Cresce em mim aquela felicidade que voa como as cinzas com o vento.
Falta-me o ar aqui nestas arcadas que o Presente desaba sobre os meus passos. Tinha as asas feridas e o sorriso amargurado sob uma abóbada celeste em que a luz se esgotou e onde tem chovido calma e acutilantemente…
Voltarei a Casa e isso deixa-me feliz, deixa-me mais perto do que amo, do que sou, do que quero ser, dos pássaros que rompem as manhãs e voam em fogos azuis junto do calor dos dias.
E sinto aquele frio de quem não reconhece o próprio reflexo em espelhos de água. A chuva lava-me o rosto e o resto do que fui, sinto na pele a nudez simplista da vida e o frio das manhãs  em que a morte inquieta as árvores da Outono.
Porquê hoje? Também não sei, mas sinto que depois de tanto tempo longe de Casa, os muros mantêm-se e os caminhos continuam a cruzar como que nos unem aos outros. O meu sangue percorre hoje os canais do meu ser e liberta-se da circunscrição que a carne faz e que me prende ao mundo. Hoje sinto-me naqueles "lugares de silêncio" que cresceram em mim, e que o tumulto e a perturbação os inquietou...
Hoje é daqueles dias que me define como Homem, como Ser… É o momento da decisão, o momento em que nos  dispomos, assumimos, comprometemos a percorrer o Caminho…
Olho para o céu e hoje as luzes brilham mais…
Muxía... A meta desconhecida, com a certeza do conhecimento da Meta.

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