quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Paro. Respiro. Ouço. Sinto.
Não há mais nada a não ser o silêncio e os dias em que as arcadas da Vida desabam nos jardins do mundo. E o negro... O negro que vai preenchendo as nuvens e afasta os pássaros dos olhares do universo, da vontade do Homem, do amor de Deus.
Não sei o que sou, corro em círculos. Devias estar aqui, devias estar no meu abraço... Palavras que o sentimento não compreende...
Olhos de lágrimas, mares que estendem no horizonte dos meus olhos onde navegas e és ser infinitamente desconcertante.
Quando se conhece a Vida como tu já não se teme a morte.
Hoje, antes de entrar para o Exame li umas das tuas mensagens que me escreveste quando eu estava no Caminho dizias:

"Paz e bem então hoje são 40 kms??????? Deus esteja contigo :-) Eu estou..."

Que Caminho incrível o que fizeste, "minha querida" Mónica...
Tiveste que seguir para lá do mar, onde a linha da terra acaba e a Vida começa...


|"A minha luta é para encontrar o centro, o núcleo de toda uma infinidade de justificações, que superficialmente parecem satisfazer-me e são, afinal, folhas caducas do meu tronco. Determinar, numa palavra, que causa última me conduz, que força polariza os meus atos. Mas estou longe dessa descoberta. Eliminei o divino, porque era divino e eu sou humano; superei o pecado, porque viver sem pecado era um absurdo moral; e consegui perceber que a vida não é trágica por estar balizada pelo nascimento e pela morte, que são condições de existência e não condenações dela. Contudo, nada resolvi. Continua a escapar-me das mãos a sombra de um fantasma paradoxal. Uma sombra que é uma pura alucinação dos sentidos, que sabem que apenas o real lhes merece crédito, e, sobretudo, da razão, que sabe que a única consciência do mundo é ela própria, princípio e fim de si mesma."
                                                 

|Miguel Torga, in "Diário (1948)

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