sábado, 9 de novembro de 2013

Não tenho muitas palavras para ti neste dia 9...
Sou um pouco mais de silêncio no barulho do Universo.
Já se passou tanto desde que partiste e apetece-me tanto contar-te tudo. Entrar na tua sala e ver a luz que entrava pela janela, que fazias janela do mundo e visão da Humanidade. Apetece-me contar-te que entrei para Dentária, a praxe, o que me custou não ter entrado para Medicina, o nosso Porto, que regressamos a Itália, ouvir o "meu querido", o abraço forte e o sorriso que me penetrava e me arrepiava o ser...
 Mas  temos Caminhos diferentes agora. Espero ansiosamente um novo cruzamento.

"Eu nasci para estar calado. Minha única vocação é o silêncio. Foi meu pai que me explicou: tenho inclinação para não falar, um talento para refinar silêncios. Escrevo bem, silêncios, no plural. Sim, porque não há um único silêncio. E todo o silêncio é música em estado de gravidez. Quando me viam, parado e recatado, no meu invisível recanto, eu não estava pasmado. Estava desempenhado, de alma e corpo ocupados: tecia os delicados fios com que se fabrica a quietude. Eu era um afinador de silêncios."

Mia Couto

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